segunda-feira, 29 de junho de 2009

A moda OP-ART


Proust mergulhou no mais fundo de sua memória ao mordiscar uma madalena, na hora do chá. As lembranças de momentos e fatos de sua infância despertadas por conta do sabor desse bolinho mergulhado no chá foram consagradas no magnífico Em busca do tempo perdido.
O que pode nos trazer de volta, nítido, vivo, o tempo que consideramos perdido “nas dobras do passado “ para mim continua sendo um mistério.
Ontem, li um e-mail de minha irmã a propósito da postagem Sandálias Japonesas (ela não deixa comentário no blog). Como o tema era reminiscências, ela me pergunta se não vou falar do dia em que foi instalada a primeira TV em nossa casa.
Como a madalena do Proust deu-se o “estalo”. Resisti a tarde inteira às interferências daquelas cenas da vida doméstica, na minha leitura de um policial de trama intrincada e instigante. A cada pausa que fazia, por uma ou outra razão (continuava chovendo), as imagens que estava decidida a afastar me invadiam.
No meio delas surgiu a lembrança de uma amiga que foi muito presente na minha vida naquela época e sua imagem me desviou para outros escaninhos da memória. Fiquei pensando no quanto ela era, na década de 60, naquela cidade do interior, tão antenada em moda, o quanto conhecia de música e de vida de artista. Assuntos que só chegavam a mim através dela. Não sei como tinha acesso as informações nem quais eram suas fontes.
Lembrei dela, chorando emocionada, assistindo uma parada de sucessos em que se apresentava um de seus ídolos (Márcio Greick) cantando. A televisão tinha imagem preto e branco e um som cheio de chiados. O seu vestido, em amarelo e preto, era da última moda: op art !
Fui pesquisar e, num primeiro momento, temi estar sendo traída pela memória. Teria existido mesmo esta moda op art?
Op art é um termo usado para descrever certos quadros feitos, principalmente na década de 1960, que exploram a falibilidade do olho pelo uso de ilusões óticas .Os trabalhos de op art são em geral abstratos e muitas das peças mais conhecidas usam apenas o preto e o branco. Quando são observados, dão a impressão de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes parecem inchar ou deformar-se.
Nessa época, por influência da arte, os estampados mudaram: os vestidos obedeciam a linha Qp (da Op Art), com motivos geométicos. 0s temas gráficos substituíram as estampas de flores, frutas e listras dos anos anteriores, bem como a febre de bolinhas do início da década.
Fui além da moda para descobrir que as origens da op art são os trabalhos de Victor Vasarely, dos anos 30, tais como Zebra (1938), que é inteiramente composto por listas diagonais a preto e branco, curvadas de tal modo que dão a impressão tridimensional de uma zebra sentada, devem ser consideradas as primeiras obras de op art.

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