Identidade Brasileira na Moda – Anos 6049 comentários
Por Fashion BubblesLeia também Dicas para festa dos anos 50, 60 e 70 – decoração, roupas e fantasias e Como se vestir para uma festa dos anos 60.
Dener e a ex-primeira-dama Maria Teresa Goulart
A década de 60 começa em crise econômica, gerada pelo desenvolvimento rápido, sustentado através de grandes emissões de dinheiro e de empréstimos externos, o que desencadeou um processo inflacionário que levaria, somados a outros fatores, ao Golpe Militar de 1964.
Dener e a ex-primeira-dama Maria Teresa Goulart no Palácio das Laranjeiras (1963)
Fazem parte do panorama desta década o acelerado desenvolvimento tecnológico, sobretudo nos meios de comunicação. Mundialmente, segundo Gontijo, percebe-se uma internacionalização dos processos culturais e dos movimentos sociais, havendo uma busca por desarmamento, desenvolvimento e descolonização.
Rhodia Vestido de Alceu Pena, com estampa de Lula Cardoso Ayres.
No âmbito da moda, Alceu Penna teoriza em setembro de 60 sobre formas de emplacar definitivamente a moda brasileira:
Na estação em curso, a moda está se inspirando em trajes de Espanha, nas listras indianas e nas de Marrocos. Em grande evidência, o bordado Inglês. Ora, por que o bordado Inglês? E por que não o do Ceará? Por que Espanha, Índia, Marrocos e não o Brasil? Até onde uma linha de inspiração brasileira poderia influenciar a moda internacional? Uma linha de expressão brasileira? Teríamos que descobrir algo que fosse de atualidade e, ao mesmo tempo, adaptável às novíssimas tendências da moda. Algo como… café!’.
Para o célebre desenhista a nova coleção teria, portanto, as cores das sementes, flores e dos frutos do café em tons vermelho-escuro, verde-vegetal e marrom.nos estampados, estilizações deveriam sugerir moendas, cestos e peneiras, feitas por artistas como Ademir Martins, Volpi, Darcy Penteado, Heitor dos Prazeres, Milton Dacosta, Lívio Abramo, Maria Bonomi e tantos outros. Modelagem? Dener, Jacques Hein. Jóias, Burle Marx. Chapéus, Madame Rosita. ‘
E para divulgar essa linha’, prosseguia Alceu, ‘era necessário ocupar o coração da capital da moda, Paris. Manequins brasileiros fotografados pelas ruas parisienses, modelos da Linha Café destacando-se na paisagem típica da Cidade Luz… E haveria, depois, a volta para o Brasil. Numa cadeia de desfiles, de Brasília a Manaus, divulgando a fabulosa coleção de modelosautênticos franceses e dos grandes criadores brasileiros. Eis uma magnífica idéia promocional em favor da moda nacional’. O desfile realmente aconteceu (…) em Paris. Data e local que fizeram história: a partir de então, para aqueles pioneiros, era possível dizer que a moda nacional começava a existir no âmbito mundial.(…) Provando à sociedade francesa que o Brasil, além do petróleo, tem elegância também.” (Dória, 1998, p. 67-68)
Rhodia – Vestido com estampa de Manezinho Araújo, fabricado por Jardim Style.
Empresas como a Rhodia, na divulgação de seus produtos, realizava magníficos desfiles de moda coordenados por Lívio Ragan que reunia os maiores artistas brasileiros:
“O pretexto dos shows tipo ‘Brazilian Style’ era ‘promover a alta costura nacional’, dando espaço de desfile a uma série de jovens costureiros aspirantes a criadores. Como também se impunha desenvolver a estamparia, ela contratou artistas plásticos para conceber motivos ‘bem brasileiros’.(…) Para reforçar ainda mais a ilusão de ‘inspiração nacional’ da alta costura então nascente , a Rhodia fez viajar pelo Brasil costureiros, manequins e coleções, de modo a autenticar sua ‘brasilidade’ em sítios celebrados como símbolos da nacionalidade , como Salvador, Ouro Preto e Brasília.” (Durand, 1988 p. 79).
“A cada ano (…) viajava para Paris e Milão apenas para copiar o que então era moda. Trazia cores, padronagem, estilo. Depois, fazia adaptações, criando a coleção com alma nacional.” (Dória, 1998, p. 60)
Garotas do Alceu
No final da década acontece, na música, o movimento tropicalista, inspirado na Antropofagia dos anos 20, onde o conceito de devorar a cultura estrangeira se associa com a absorção das novas tecnologias.
Movimento tropicalista
(Este é um trecho do relatório final da pesquisa Moda e Identidade Brasileira, feito por Denise Pitta de Almeida, 2003, Faculdade de Moda da UNIP)
Leia também Dicas para festa dos anos 50, 60 e 70 – decoração, roupas e fantasias e Como se vestir para uma festa dos anos 60.
Em relação ao material dos anos 60, vocês podem entrar no site Moda Almanaque que tem muita coisa interessante: http://almanaque.folha.uol.com.br/anos60.htm
O que usar em festas dos anos 60
E no site Vintage Textile :
http://vintagetextile.com/gallery_1930s_50s.htm
Tem uma galeria com roupas originais de várias épocas.
Leia e veja mais sobre os anos 60 aqui e aqui.
Anos 60 – Exposicao no Victoria & Albert Museum
Leia Mais:
- Moda e Identidade Brasileira (parte 1)
- Moda e Identidade Brasileira (parte 2)
- Identidade Brasileira na Moda – Análise formal da roupa (1)
- Identidade Brasileira na Moda – Análise formal da roupa (2)
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 10
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 20
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 30
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 40
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 50
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 60
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 70
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 80
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 90
Nenhum comentário:
Postar um comentário