Tropicalismo e Amazônia inspiram moda brasileira, diz Lilian Pacce
Nada de peças-chave. A tendência para o próximo verão é ser brasileiro --ou étnico, já que o Brasil é o país da miscigenação. Pelo menos é o que diz a apresentadora e editora de moda Lilian Pacce, que desde 2000 comanda os programas da área no canal pago GNT.
"Nesta edição, o tema da São Paulo Fashion Week [que começa no próximo dia 12 na bienal] é a África, em que os estilistas estão se inspirando coincidentemente. Mas não é só. Muito tropicalismo, referências à Amazônia, ao rústico continuam inspirando", afirma.
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Lilian Pacce comando o GNT Fashion desde 2000 |
E no ano em que o biquíni, uma criação francesa, completa 60 anos, o Brasil aproveita para firmar cada vez o "presente" que conquistou. "Sem dúvida foi a moda praia que chamou a atenção do mundo para o Brasil", afirma Lilian, que já percorreu o mundo todo e entrevistou os mais renomados estilistas.
"Cada uma das capitais da moda tem uma característica. Paris é imbatível. Milão, Londres e Nova York têm as suas. E São Paulo, hoje, pode dizer que também tem uma, o que há pouco tempo não existia. Infelizmente ou felizmente, esperam do Brasil a sensualidade, o jeito da moda brasileira de explorar o corpo e o movimento", explica a apresentadora.
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Modelos grandes ganham espaço; na foto, biquini da marca Rosa Chá |
Confira a seguir o que diz ainda Lilian Pacce sobre outros aspectos do mercado da moda no Brasil, desde a "competição" entre o Fashion Rio e SPFW até a possível substituta da top Gisele Bündchen.
Folha Online - Qual o maior desafio ao falar de moda na televisão?
Lilian Pacce - Minha formação é de jornal, trabalhei dez anos na Folha. O mais difícil é porque se você não tem uma boa imagem, você não tem nada. No jornal você pode ter todo o conteúdo e descrever, mas na TV, sem uma imagem para ilustrar, tudo perde a graça. O que é visto é tão importante quanto o que é dito.
Folha Online - E com relação ao público? Você tem que dialogar com quem entende muito de moda e com o leigo
Lilian Pacce - Desde o começo, meu maior desafio é exatamente esse, não falar só com o mundinho. Falar com quem gosta e com quem precisa, porque todo mundo querendo ou não, está ligado à moda. Já que todo mundo se veste e escolhe roupas diferentes para trabalhar, namorar.
Folha Online - Qual a sua fórmula para falar com todo mundo
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Lilian Pacce com o estilista Valentino em entrevista feita neste ano para o GNT Fashion |
Justamente essa abrangência da moda é legal. O programa pode ser muito diferente sempre. Fizemos, por exemplo, um programa especial na África, que saiu totalmente do padrão. Visitamos as africanas num vilarejo, mostramos a moda de outra maneira, não só a da passarela. Ela está em todas as ruas, de Nova York, São Paulo e da África.
Folha Online - Apesar de abrangente, não é exagero o Brasil ter dois eventos de moda, o Fashion Rio e a São Paulo Fashion Week?
Lilian Pacce - Eu acho exagero. A França, que é o berço da moda, pelo que se entende hoje, tem só uma semana de moda, em Paris. Acho que duas semanas é redundante e extensivo. Para ocupar o calendário aqui e no Rio, é preciso colocar muitas marcas para desfilar. O resultado é um desnível muito; temos na mesma semana gente muita talentosa e aqueles que ainda não estariam em condições de entrar numa passarela.
Folha Online - Mas não existe briga, competição entre as organizações?
Lilian Pacce - Imagino que tenha, senão eles já estariam juntos ou se entendido. Juntas elas seriam mais fortes que separadas. O ideal seria conciliar, só não sei como.
Folha Online - O Brasil é um grande celeiro de modelos. Gisele é hoje o principal rosto do país, mas já disse que pretende se aposentar em breve. Já temos alguém pronta para ocupar o cargo dela?
Lilian Pacce - Temos nomes famosos, como a Carol Trentini, Raquel Zimerman. Mas Gisele é um fenômeno mundial, não só brasileiro. Ela é hors-concours, algo que não acontece com freqüência no mundo da moda, não dá para comparar com outros nomes. É como Senna e Rubinho. Não vejo uma pessoa que tenha potencial para substituí-la.
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